A Minha Mariana

Este blog não pretende ser uma descrição exacta de todos os acontecimentos na vida da minha filha, mas sim uma visão tipo "Baby Blues" ou caricatural de todo o processo. Bem, na realidade, também gostava de ter um blog e ainda não tinha tido desculpa para o criar. :-) Não prometo posts regulares! :-P

Friday, May 05, 2006

25 de Abril, dia da liberdade

Pois é, a minha Mariana nasceu no dia 25 de Abril (apesar do blog só nascer uns dias mais tarde devido aos afazeres paternais e afins). Alguns disseram, grande pontaria, mas lamento decepcioná-los, foi um parto provocado, ou seja, foi induzido devido à Ana (a Mãe e minha esposa) ter hipertensão provocada pela gravidez. Pontaria, foi ter sido concebida logo no primeiro mês de tentativa, para vir a ser Touro como o Pai. Segundo os médicos, pouco comum. Para um tipo do Alqueidão que comeu muito arroz quando era pequenino, não me parece nada anormal. Claro que na familia da Ana, algumas também puxam a brasa à sardinha delas e dizem que são boas progenitoras. Coisa que não duvido. Enfim, apenas para a estatística e segundo o médico obstetra, o normal é conseguir engravidar no primeiro ano de tentativas (80% dos casos). Os outros 20% são considerados casos que precisam de um empurrãozinho.

Bem, mas este post é mais para descrever o dia do parto, coisa que já repeti inúmeras vezes aos convidados e amigos que nos têm visitado e que me têm ajudado a reduzir a garrafeira, algo parada nos útimos tempos, desde que o pessoal deixou de vir ver o futebol lá a casa.

No dia 25 de Abril, feriado com muito sol, fomos à Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, para fazer o "registo", ou seja, ver as pulsações da Mariana (aproximadamente 150 por minuto) e as contracções ainda indolores a Ana. Este foi o log que fiz, como Pai sem nada para fazer à espera que tudo decorresse sem problemas para ambas.

10:30 - Entrada na Urgência da MBB para fazer registo e verificar tensão arterial. Caçaram a Ana lá e quando a vi estava pronta para ir para a Sala de Indução. Papel do Pai: aguardar pacientemente na sala de espera e levar a roupa ao carro.

12:00 - A Ana entrou na sala de indução. Papel do Pai: ir atrás dela, dar apoio, falar pouco, sair quando o médico/enfermeiro manda, voltar quando alguém diz que já pode, nunca dizer "lamento que tenhas que passar por isto" ou "se pudesse passava as dores por ti", enfim, estar lá e ajudar no que for preciso.

Entretanto fui comer umas moelas ao Mimo, a Ana estava a soro e por isso não teria muita fome. Alias elas não podem comer nem beber, para evitar que vomitem.

14:30 - Eu a chegar e as águas a rebentar. Qual turbilhão de água quente, jorrou ensopando todos os lençóis da cama. Papel do Pai: Chamar o enfermeiro e disfarçar o nervosismo para não começar aos berros no corredor por não encontrar ninguém.
Se até aqui, as contracções da Ana atingiam o máximo da escala do gráfico, mas eram indolores, o enfermeiro lá aproveitou para dar um jeitinho e começar a descolar a placenta - o famoso Toque - que deixou a Ana com muitas dores apesar do gráfico das contracções estar muito mais "flat".

Esta foi a fase mais dolorosa para a Ana. Pelo meio do processo ainda lhe deram uma injecção qq que a deixou completamente tonta e a suar... parecia que tinha bebido uns 10 "coices de mula" na Queima.

17:15 - 3 cm de dilatação, epidural, sala de partos. A epidural é aquela cena fixe que tira as dores, ou melhor, que as reduz. Um tubinho enfiando entre duas vertebras da coluna a lançar uma substância a ritmo constante para a medula. Credo! Papel do Pai: espera meia hora, ir atrás e vestir uma bata verde, sentar e fazer o mesmo de sempre.

Algures nesta fase, descobri que tinha uma bateria vazia na máquina fotográfica, e fui a casa...

19:15 - 8 cm de dilatação. Pouco mais há a dizer nesta fase.

20:00 - Diz a enfermeira: "Pode começar a fazer força". Acho que só as grávidas percebem o que isto significa. Papel do Pai: passar a impressão que está a compreender tudo o que se passa.

21:00 - A Ana diz que está com muita vontade de fazer força. Papel do Pai: procurar alguém e dizer-lhe que a Ana tem vontade de fazer força... seja lá o que isso for, passar a imagem que aguenta o parto para que não o expulsem da sala. O que os médicos menos querem é ter que cuidar de um pai aterrado no chão da sala de partos. Eles têm coisas mais importantes que fazer.

Ah, entretanto a Mariana estava virada de cara para o tecto e eles queriam que fosse de cara para o chão. Não sei porquê mas lá ateimaram e arranjaram forma de a rodar 180 graus - a Mariana. Omito aqui os pormenores mais sórdidos.

21:27 - Nasce a Mariana, 2,735 Kg, 45,5 Cm. Primeiro só lhe vimos os pés roxos, porque o cordão umbilical era curto. Rapidamente lho cortaram, a mostraram e a levaram para limpeza. Parecia um coelho esfolado, roxo e cheio de coisas amarelas. Não é bonito mas é mesmo assim. Apenas passado algum tempo ela chorou ao longe e eu suspirei de alivio. Papel do Pai: aguentar-se firme, agarrado à cama ou ao braço da Mãe, para não cair para o lado. Manter-se calado, afinal é o único que não sabe nada do que se passa. Suspirar de alivio quando eles choram. Recordar o peso e a hora, para depois dizer a toda a gente. Também fica bem ao Pai chorar, mas não me deu para isso.

Depois vem a parte de coser, a qual eles me deixaram assistir, e retirar a placenta, a qual também observei com curiosidade. Depois o pai deve sair ordeiramente para a sala de espera e telefonar à familia, SMS para os amigos. É importante recordar o peso e a hora.

22:00 - O elevador avaria. Papel do Pai: responder aos SMS e telefonemas dos amigos e familiares. Os avós são mais rápidos a espalhar a notícia que os SMS a chegar... o telefone crasha... grr escrever o SMS de novo e escolher os contactos todos... nunca mais arranjam o elevador, esperar na sala longe delas.... GRRRR... Ah, ir buscar a mala com as coisas ao carro, quase me esquecia!!!

23:30 - Arranjaram o elevador. As minhas miúdas são levadas para o quarto, onde vão passar os próximos dias.

00:30 - Papel do Pai: Beijinhos, ir jantar antes que caia mesmo para o lado. Caldo Verde, Moelas, Broa e uma imperal, no Arco Bar.

01:30 - Papel do Pai: Em casa, abrir a garrafinha guardada religiosamente (mesmo quando o Benfica foi campeão) e beber um copinho. Dormir toda a noite enquanto pode.

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